A
gestação do meu primeiro filho foi muito tranqüila e eu, mãe de primeira
viagem, estava decidida a ter parto normal e não me preocupei com nada, nadinha
mesmo, estava mega confiante e com medo zero. Na ocasião eu estava com 20 anos
recém completos, contando os meses da gestação da maneira da vovó e sem
informações do que eu ia sentir na hora “H”. Já tinha ouvido milhares de
historias horrorosas, que eu ia saber o que era bom pra tosse, que era a maior
dor do mundo e todas as historias que as pessoas adoram contar pra aterrorizar
as grávidas de primeira viagem. Mesmo assim eu não me abalava.
Quando eu marquei a minha última consulta
arrumei a minha malinha e a do bebê com mais roupas do que o necessário, na
época eu estava morando no interior e após a consulta eu ia me hospedar na casa
da minha tia que mora bem próximo da maternidade que eu ia ganhar neném, para
que ela pudesse me levar quando chegasse a hora.
Um detalhe bem importante dessa história é
que já a alguns dias as contrações de treinamento, aquela que deixa a barriga
dura, vinha se intensificando e ficando cada vez mais freqüente. Já a alguns
dias não estava conseguindo dormir a noite por causa da vontade intensa de
fazer xixi e estava notando um muco bem grosso que começou a sair bem pouquinho
e foi aumentando bastante.
No dia anterior a consulta eu fiquei em
casa sozinha o dia inteiro, nesse dia eu só conseguia dormir, tive um sono
muito intenso incontrolável e já que não estava conseguindo dormir direito a
alguns dias, pensei que era cansaço. Durante a madrugada do dia 13 de março fui
ao banheiro com muita vontade de fazer xixi e uma preção muito forte no colo do
útero. Daí me deu uma pontada muito forte que eu não conseguia andar. Pedi
ajuda ao meu marido para voltar pro quarto, a dor passou como mágica e eu
voltei a dormir. Pela manhã fui com a minha mãe no centro da cidade para
comprar as ultimas coisinhas do bebê, andamos bastante e eu não conseguia andar
rápido porque minha barriga estava muito dura e eu sentia uma preção enorme na
pélvis. Almoçamos cedo e quando estávamos caminhando para o carro, uma senhora
bem velhinha de olhos azuis segurou o meu pulso e me deu um baita susto, Ela
disse
- vá pra casa minha filha, esse bebê vai
nascer hoje. - pegou na minha barriga e disse mais - É um menininho, né? Eu sou
parteira a muitos anos e sei o que eu estou falando. Ele vai nascer hoje, vá
pra casa!
Achei aquilo muito estranho, eu e minha
mãe ficamos pasmas. Chegando na clinica fiz uma US e notamos que o bebê estava
bem encaixadinho. A Dra decidiu me examinar mais detalhadamente, pois eu já
estava com 39 semanas e 1 dia e com a barriga dura. Fez o exame de toque e
disse:
- Nossa! Vai nascer!
minha mãe, tadinha, ansiosa, perguntou:
- Quando?
E ela falou:
- Jajá. Ela está em trabalho de parto com 5
cm de
dilatação.
Minha mãe quase desmaia. A Dra mandou a
gente ir direto pro hospital e aguardar ela chegar. Eu até então estava sem
saber como seria possível se eu não estava sentido nada a não ser com a barriga
dura e aquela preção na pelves, mas com aquele barrigão eu pensei que era
normal. Minha mãe, de tão nervosa, levou uma queda na frente da clinica e
esqueceu o celular no consultório da médica.
Chegando ao hospital, dei entrada com a
guia para parto normal e todo mundo perguntando: “Ta certo, vai ser normal
mesmo?”, “Você não ta sentindo nada?”, “Você é a grávida mais calma, que já
chegou aqui, pra fazer parto normal!” As perguntas estavam chateando, mas eu
não culpo as enfermeiras. Se nem eu estava acreditando que seria possível meu
filho nascer se eu não estava com nenhuma dor. No quarto, recebi soro com
ocitocina, e fiquei deitada, a Dra chegou e perguntou como eu estava, naquela
altura eu estava com uma leve dor nas costas, ela tornou a me examinar e
constatou que eu ainda estava com 5cm, chamou a enfermeira e pediu o bastão
para romper a minha bolsa. Na cama mesmo ela me explicou como ia fazer e com a
ajuda enfermeira ela rompeu a bolsa, naquele momento senti uma preção, uma
sensação estranha como se minha barriga estivesse menor. Foi quando a Dra
perguntou:
- Você ta sentindo alguma coisa?
- Não. – respondi
- Pois vai já sentir.
Gente! Ela tinha razão. Foi só ela fechar
a boca eu senti uma dor enorme. Parecia que estava partindo as minha costas,
ela só falou:
- Quando a dor passar você respira.
Eles trouxeram o aparelho para medir as
contrações e os batimentos do bebê e eu a cada intervalo das contrações tentava
respiras mas, juro, quase não dava tempo. De repente veio uma dor como se
me forçasse a expulsar e a Dra falou:
- Não faça força agora.
- Não foi por querer.
Ela voltou a me examinar e, pasmem, não só
tinha completado a dilatação como ele já estava nascendo. Trouxeram então a
maca as pressas e foram me levando para sala de parto. No caminho passei pela
minha família, tinha um monte de gente lá, todo mundo queria me dar uma palavra
de conforto e de força mas eu não conseguia nem vê-los. No elevador senti
aquela contração junto com um ardor e as enfermeiras que estavam me
acompanhando se espantaram e disseram: “Vai nascer, ta coroando!” Cheguei na
sala de parto e ele já foi nascendo. Não deu tempo de me tirarem da maca. A
Dra. o amparou. Foi rápido. Eu pude ver meu filho nascendo. Senti um misto de
sentimentos indescritíveis: sentia uma obrigação de amá-lo e ao mesmo tempo uma
incapacidade de conseguir amar como ele merecia. Pensava se eu iria
conseguir ser uma boa mãe. Tudo isso em segundos enquanto o cordão dele era
cortado, e ele chorava. Quando colocaram ele nos meus braços e ele parou de
chorar, naquele momento eu senti um amor que saia de mim porque em mim não
cabia, então eu passei os dedos bem delicadamente no rostinho dele
e fui decorando cada característica dele e decorando aquele rostinho enquanto
ele olhava pra mim e eu disse:
- Oi João Victor eu sou a mamãe e o papai
não esta aqui ainda mas ele ta já chegando nos já te amamos muito.
A enfermeira veio e disse: “agora eu tenho
que levar ele, não se preocupe, ele esta ótimo. Vamos levar ele no quarto pra
você”. Daí as dores voltaram e a Dra começou a fazer massagem na minha barriga
e a placenta saiu. Ela suturou o que lacerou com anestesia local. Me
levaram para o quarto e em seguida trouxeram ele, ele mamou e em seguida
dormiu. Meu marido chegou logo depois mas não podia ficar comigo porque eu
estava na enfermaria. Ele dormiu a noite calminho. Eu tive algumas cólicas, mas
nada demais. Recebemos alta no outro dia pela manhã. Ele nasceu com 3300
gramas e 49
centímetros . Minha recuperação foi bem rápida e com três
dias nem parecia que eu tinha tido um bebê.
aCHO QUE FAZ PARTE DA GRAVIDEZ, tenho estado muito sensível... chorei ao ler esse teu post.
ResponderExcluirTÕ tão anciosa pra conhecer o meu bb =']
Eu acho que com cada mulher acontece algo diferente..
Estou orando a Deus para o meu ser bem tranquilo.
Beijos!
Que lindo, ainda não consigo imaginar o tamanho dessa emoção, mas daqui a pouco já é a minha vez.
ResponderExcluirEspero que o meu também seja assim bem rápido e tranquilo pq eu quero mt fazer parto normal.
Olá Laiza, vim vindo nos blogs e achei o seu.
ResponderExcluirSe tiver um tempinho vem aqui no meu participar do sorteio que está comemorando um ano de blog. Abraço
Kkkkkk, deve ser a gravidez mesmo, pois também chorei ao ler teu post :)
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